sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Afetividade & Aprendizagem

Construção, de acordo com a teoria estudada, de uma história envolvendo um personagem professor fictício.

Sandra tinha acabado de se formar no curso de pedagogia e havia prestado concurso para professora municipal. Passou e logo foi chamada para assumir em uma escola no interior do município que morava. Ao se apresentar à escola recebeu uma turma de primeira série com vários casos de alunos reprovados por vários anos e fora da idade para a série. Ficou assustada e ao conversar com as novas colegas da escola já foi logo ouvindo: tu és quem vais assumir aquela bomba? Nem te assusta, são todos burros, já fizeram de tudo e não adianta. Eles não querem nada com nada, os pais nem aparecem na escola, já são casos perdidos. Após ouvir todos aqueles comentários, deu o sinal ela foi conhecer sua turma. Eram crianças de uma comunidade muito carente, tinha o olhar triste e melancólico, suas roupas, seus materiais, a sala de aula tinha um aspecto feio e desagradável. Sandra se apresentou e pediu que cada um fizesse o mesmo. Pedro um dos alunos mais velho retrucou: pra que, se fazemos isso toda semana e as professoras vão embora? Então Sandra perguntou: vocês acham que eu também vou embora? E eles responderam em coro: achamos ninguém gosta de nós. Naquele momento Sandra se sentiu tocada pela tristeza dos alunos e resolveu topar o desafio e assumir a turma. Conversou longamente com as crianças tentando conhecer um pouco sobre cada um.
Depois marcou uma entrevista com cada um dos pais, e a seguir elaborou um questionário para saber mais sobre a realidade deles.
Foram fazer passeios na comunidade conhecendo as casas. Aos poucos professora e alunos foram criando uma relação de afetividade, adquirindo confiança mútua. Sandra foi colhendo alguns referenciais importantes para organizar o seu planejamento. Ela apostou na capacidade e na auto-estima, valorizando as habilidades de cada um e formando um grupo onde todos contribuíam com suas idéias para o crescimento de todos.
Arrumaram a sala de aula com cartazes coloridos, pintaram as paredes com a colaboração dos próprios pais, deixaram a sala um ambiente agradável e acolhedor. A professora fez uma campanha do agasalho com parentes e amigos, conseguiu alguns brinquedos, confeccionou jogos com os alunos e de forma lúdica e criativa conseguiu trabalhar de forma diferenciada.
Aos poucos foi despertando a curiosidade e o interesse deles em querer descobrir mais novidades e foi surgindo o desejo de aprender e todos foram envolvidos num processo de ensino aprendizagem onde a troca de saberes acontecia de forma natural.
Sandra conseguiu elaborar um projeto onde valorizar o indivíduo e a sua capacidade foi o objetivo principal. Conseguiu fazer isso tanto com os pais quanto com seus alunos. Acreditando que nenhum aluno é tabula rasa, ela investiu tudo que pode para desmistificar aquele rótulo de que seus alunos não tinham mais jeito. Suas aulas partiram do interesse e da realidade deles. À medida que o tempo passava havia um elo de ligação muito forte entre Sandra e seus alunos. Muitas vezes alguns alunos chegavam a chamá-la de mãe, transferindo a ela a afetividade que sentiam por seus pais, outros se identificavam tanto com a professora que diziam que quando crescessem queriam ser professora que nem ela. Sandra conseguiu transformar seus alunos em sujeitos críticos e atuantes inseridos em suas comunidades e capazes de transformar o seu meio. Sandra conseguiu mostrar para toda escola que quando um trabalho é feito com amor, envolvimento coletivo e prazer se consegue realizar um bom trabalho e foi o que ela fez e o resultado só podia ser a aprovação da sua turma.

Retirado do trabalho de psicologia Trilha Psicanalítica – Atividade 6 de 15/06/2007

Um comentário:

Patrícia_Tutora PEAD disse...

Muito bom, belo texto, serve para reflexão... com afetividade se faz um belo trabalho, com excelentes resultados.

abraços